quinta-feira, 25 de junho de 2009

As Mulheres da Fiel Torcida!





Às mulheres da Fiel Torcida
Quando me foi ofertada a honra de ter um texto re-inaugurando este blogue, logo me veio à mente muitas figuras que representam a Fiel e as mulheres da Fiel.
A minha mãe, que torce calada, por exemplo. Não entendo como, é assim que ela torce. Raramente vai ao estádio, e entende a energia da Torcida como ninguém.
A minha irmã-talismã, que mora longe hoje, mas quando vem pra cá matar as saudades, é pra ver o Coringão dar um baile na bicharada, como no domingo passado.
A pessoa que me fez a oferta e a mãe de quem me fez a oferta, por supuesto.
A tia Geni. A Wawá, a Leonor, a Teka, a Erika. Todas as valentes mulheres que vejo na Arquibancada.

Sobretudo ela, a própria Toda-Poderosa Corinthiana. É a ela que dedico esse texto.
Elisa Alves do Nascimento carregava o Corinthians não apenas em sua face serena, despojada e amorosa, com seus óculos que lhe escondiam as lágrimas quando falava de Corinthians.
Elisa, a torcedora-símbolo do Sport Club Corinthians Paulista carregava, com o amor de uma Mãe Preta, cozinheira rara, jóia rara de ser humano, na alma, o próprio Corinthians.

"Minha alma também é Preta-e-Branca.
Sou toda Corinthians, por dentro e por fora", é a frase que celebra a placa que o Corinthians guarda em seus jardins, junto ao busto de Neco, e ao monumento à Torcida. Homenagem mais que justa; necessária.
Valente, doce, alegre, serena, corajosa. Era amiga de todos.
Nasceu em Tietê, no mesmo ano em que nascia o Corinthians.E para continuar as coincidências, foi uma criança peralta. Fugia pela janela, à revelia da mãe, para assistir jogo de futebol, nas várzeas da cidade."Peralta", como o Corinthians foi, em sua infância, desafiando os 'grandes clubs'.
De família pobre, começou a trabalhar cedo. Como era difícil arrumar emprego na capital, para onde se mudou em 1918, com suas mãos afinadíssimas para a culinária, Dona Elisa tornou-se cozinheira conceituada e muito procurada.
Veio a conhecer o Corinthians através de Antonio Pereira, um dos Primeiros Corinthianos, em 1935.

Antonio Pereira era pintor de paredes, se inseriu no movimento operário da época, e foi por aí que conheceu Elisa. Antonio Pereira foi quem "trouxe" Elisa para nossa Torcida.
Maneira de dizer; não foi do mesmo modo que trouxe Casimiro do Amaral, o goleiro que também era pintor de paredes, por exemplo. Elisa foi quem "descobriu" o Corinthians.
Elisa mesma dizia que o Corinthians sempre esteve nela. De fato, ela era "a cara" do Corinthians, uma liderança na Torcida.
Mais que isso. É a estrela-guia da Fiel.As mulheres da Fiel, as Todas Poderosas Corinthianas, tem um exemplo e tanto.

Apenas em 1941 se tornou sócia, a muito custo financeiro mesmo, e com as próprias pernas.
Pereira a chamava de "menina". Ela cresceu. Ia a todos os jogos e passou a ser notada, e rapidamente admirada pela torcida e por dirigentes. E pela torcida adversária, também. Sua presença era sempre certa.
Viu Teleco, Servílio, Carlito, Belangero, Idário, Luizinho, Claudio, Carbone, Baltazar, só para citarmos alguns - e com o perdão da omissão de tantos. É que se fôssemos citar todos os jogadores que receberam um beijo de Elisa, beijo de mãe, assim como a Fiel Torcida é mãe do Corinthians, ficaríamos até o fim da festança do Centenário só falando disso...

Então ela passou a chamar a todos "meninos(as)".Tive a honra de assim ser chamado por dona Elisa da Fiel. E assim mesmo ela chamava a meu pai. E à minha vó, adversária e amiga.
O neto de Elisa foi batizado por Gilmar dos Santos Neves, que a ela era mais que 'menino', era filho.
Apareceu ao lado de Mazaropi no filme "O Corintiano".Tinha uma bandeira branca, com o símbolo do Corinthians lavrado em lantejoulas e fios de seda.

"Jamais ganhei uma camisa". Não, não era uma queixa, apenas uma constatação. Elisa nunca precisou de camisa, e talvez por isso se manteve apenas com sua bandeira branca de lantejoulas, durante muito tempo. Trazia o Corinthians onde todos devemos trazer; no coração e na alma. E, claro, na cara.Dela mesma, teve dois filhos e cinco netos. Todos Corinthianos, claro.

Elisa entrava em campo, abençoava o Timão, e ia para seu lugar no estádio, para abençoar a Fiel. Como uma Mãe Preta.Faleceu aos 77 anos, no dia 1º de agosto de 1987, vítima de enfarte. Mas ela ainda está lá, coberta com sua bandeira, na Curvita.

Quando a imaginamos ali, no Pacaembu já vazio, depois de um jogo do Corinthians, e a vemos naqueles antigos bancos de madeira que preenchiam metade do Pacaembu, sabemos que a Fiel tem mais que anjos da guarda.
"Quando eu morrer, só quero uma coisa: que a bandeira do Clube cubra meu caixão. Minha alma pertence ao Corinthians"

Viva as mulheres Corinthianas!
Viva o Movimento Toda Poderosa Corinthiana!
Viva o Corinthians Paulista,eternamente em nossos corações!

Saravá São Jorge

VAI CORINTHIANS!!!
Texto maravilhoso, escrito pelo do corinthianissimo Filipe, especialmente para as Poderosas Corinthianas.
Em nome de Todas as Poderosas Corinthianas agradecemos.
VAI CORINTHIANS!
Blog do Filipe:
"O Mosqueteiro e sua cachaça"

Um comentário:

Bruno Ferraz (sOUL) disse...

Mano Filipe sempre com sua escrita requintada e maloqueira, foda demais.

Beijo Monikita !